segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Balanço de branco (além do Lightroom)



Existem diversos espaços de cores utilizados por câmeras, monitores, softwares, impressoras etc. Cada espaço de cores tem por objetivo óbvio reproduzir cores. Não entrarei nos pormenores por não querer tirar a “diversão” deste aprendizado.

Cada espaço de cor possui um pequeno número de canais, que quando concatenados formam uma determinada cor. Vejamos dois espaços de cores bem comuns e os canais inerentes a estes.

1. Espaços de cores

1.1. RGB - A grande maioria das câmeras fotográficas utiliza espaços de cores RGB (RGB, sRGB, ADOBE RGB) quando fotografamos em JPEG, sendo formado por três canais:

R = RED (Vermelho)
G = GREEN (Verde)
B = BLUE (Azul)

1.2. CMYK – Espaço muito utilizado para saídas de impressão. Este é formado por quatro canais, mas nem vou citar o preto (K) na grade:

C = CYAN (Ciano)
M = MAGENTA (Magenta)
Y = YELLOW (Amarelo)
K = BLACK (Preto)

2. Tipos de correlações entre os espaços de cores

2.1. Correlação Complementar (ou Oposta) – Se dá quando uma cor é cancelada pela sua cor oposta.

Exemplo: Se uma fotografia possuir muito vermelho (RED) ela pode ser corrigida com a adição da sua cor complementar (ou oposta), o ciano (CYAN)… Opa, taí uma maneira de tratar o vermelho sem ter de alterar a saturação ou luminosidade, por exemplo! Continue comigo que isto logo fará sentido!

2.2. Correlação Harmônica (esta não será alvo deste artigo) – Se dá quando as cores “viajam” de forma suave, transitando de uma para a outra segundo uma ordem semelhante, tal como uma canção. As luzes do céu durante o por do Sol são um ótimo exemplo (vão do vermelho ao amarelo, passando pelo laranja.

3. Correlacionando cores complementares entre os canais RGB e CMYK

Toda cor possui outra cor complementar ou oposta. A cor oposta cancela a cor existente – uma técnica de correção de cores é adicionar a cor oposta àquela existente numa fotografia. O interessante é que os espaços RGB e CMYK são opostos um ao outro, então:

  • RED é oposto ao CYAN e vice-versa – Adicionar RED inibe o CYAN e adicionar CYAN inibe o RED.
  • GREEN é oposto ao MAGENTA e vice-versa – Adicionar GREEN inibe o MAGENTA e vice-versa.
  • BLUE é oposto ao YELLOW e vice-versa – Adicionar BLUE inibe o YELLOW e vice-versa.

Abaixo isto fica mais claro.

Um ótimo exemplo é a ferramenta Color Balance no Photoshop CS4 ou CS5. Mais para frente falaremos do Lightroom, pois o exemplo abaixo é para facilitar o entendimento.

  • Abra o Photoshop e uma imagem.
  • Entre em IMAGE > ADJUSTMENTS > COLOR BALANCE.
  • Mova as barras deslizantes e verifique o que estou falando. Se for o caso abra uma imagem com desvio de cor, tipo alguma com alguma cor que esteja em desegrado com o seu gosto e faça o teste.

Uma fotografia com tons predominantes de amarelo (YELLOW) pode ser “ajustada” com que cor???
Resposta: Com sua cor complementar BLUE (azul). Mas este ajuste é gradativo, ou seja, a medida que adicionamos azul o amarelo vai ficando menos evidente, até que o azul se torne predominante se exagerarmos na dose!

4. Formação de cores a partir das cores complementares

A “mistura” de duas cores de um mesmo espaço de cores forma uma das cores do outro espaço, ou seja, se misturarmos duas cores do espaço RGB obteremos uma do espaço CMYK e vice-versa.

Observemos a grade abaixo:

4.1. Cores RGB formando cores CMYK

R (RED ou Vermelho) + G (GREEN ou Verde) = Y (YELLOW ou Amarelo)

R (RED ou Vermelho) + B (BLUE ou Azul) = M (MAGENTA ou Magenta)

G (GREEN ou Verde) + B (BLUE ou Azul) = C (CYAN ou Ciano)

4.2. Cores CMYK formando cores RGB

C (CYAN ou Ciano) + M (MAGENTA ou Magenta) = B (BLUE ou Azul)

C (CYAN ou Ciano) + Y (YELLOW ou Amarelo) = G (GREEN ou Verde)

M (MAGENTA ou Magenta) + Y (YELLOW ou Amarelo) = R (RED ou Vermelho)

Toda edição de imagens, com intuito de correção de cores e ajustes de balanço de branco, aplicação de efeitos e outros passa por esse entendimento!

5. Balanço de branco e o Lightroom

Muito se fala sobre WB (White Balance ou Balanço de Branco) no Lightroom. A ferramenta e suas funcionalidades são amplamente divulgadas em diversos meios de comunicação (blogs, sites, youtube…). Prefiro mostar alguns fundamentos, sendo:

A imagem acima mostra a opção de ajuste customizado e Balanço de Branco (WB) no Lightroom, onde, através de barras deslizantes o usuário pode corrigir o Balanço de Branco ou mesmo impor aparência artística ao trabalho. Não será o objetivo deste artigo demonstrar as formas de correção, mas sim esclarecer o que está por trás ou, ao menos, uma das abordagens possíveis – que nunca será a última ou qualquer realidade intrasponível.

Observando o painel temos o slider Temp (Temperatura) e Tint (Tinta):

5.1. Temperatura – Tonalidade global de um ambiente pode ser estimada (com erros) pelas nossas câmeras. Estas usam a mesma analogia que o nosso sistema visual.

Olhe para um prédio a noite. Você verá várias janelas, busque os apartamentos que tem alguma luz acesa e compare a tonalidade de uma dessas janelas com outra. Rapidamente perceberá que um ambiente tende a ter tonalidade laranja, outro azul, um terceiro verde.
O ambiente em que você se encontra tem alguma tonalidade global, que talvez você não perceba, pois seu sistema visual pode ter se adaptado ao ambiente. Que correções são essas?

Para simplificar… A natureza nos deu um mecanismo que compensa a luz ambiente de forma que qualquer elemento branco nos pareça branco, bem como todas as outras cores.

Imagine uma noiva, que pela tradição comum, usa um vestido branco. Se ela estiver numa sala, sobre uma lâmpada incandescente, você saberá que o vestido dela é branco. Se ela estiver na cozinha, sobre luz fluorescente você continuará sabendo que o vestido dela é branco, assim como todas as outras cores poderão ser identificadas.

Imagine a noiva lá naquele prédio cheio de janelas… Se fosse possível ver uma noiva com o mesmo vestido em cada apartamento logo você notaria que o tecido teria uma tonalidade diferente em cada janela.
Numa janela tenderia ao azul, noutra ao verde, ao laranja… Mas se você estivesse dentro do mesmo ambiente que a dama, após alguns minutos, logo não notaria diferenças tão marcantes do branco do vestido. É claro que o desvio de tonalidade pode ser suficiente para que você ainda perceba a “tonalização” ou tendência dos objetos no ambiente a cor da fonte emissora de luz.

Nossas câmeras, dependendo da escolha de balanço de branco, tenta ou aplica fatores de correção de cores para neutralizar a luz refletida por objetos fotografados. Em teoria a função básica do ajuste de balanço de branco na câmera é designado para que o branco seja interpretado como branco, mas essa correção não é exclusiva ao branco, acertar o branco permite que a câmera calcule os desvios e ajuste todo o quadro.
A idéia é a mesma do vestido… Se a câmera “souber” (for informada) que o vestido da noiva é branco, então um fator de correção adicionará cores complementares (ou opostas) para cancelar os desvios de cor do ambiente. Fotógrafos(as) mais experientes usam a correção de branco como elementos artísticos de composição.

Câmeras permitem três tipos de ajuste:

  • Correção automática – Onde a câmera tenta identificar automaticamente a luz ambiente e, então, aplica a correção estimada. Este processo funciona, mas, em situações diversas, a câmera erra e a foto sai azulada, amarelada… Uma cor predominante num enquadramento é suficiente para a câmera “julgar” erroneamente. Fotografar uma piscina é um bom exemplo.
  • Correção predefinida – Quando usamos um dos modos Nublado, Luz do dia, Sombra… Nesse caso restringimos o fator de correção, mas é importante que a pessoa por trás da câmera saiba estimar o tipo de fonte de luz ambiente (Sol, fluorescente, tungstênio…) para usar a definição que mais se aproxime. Mesmo assim existem chances de erro, pois a predefinição é uma média baseada em experiências que a engenharia do fabricante aplicou ao produto.
  • Correção manual – Minha favorita, mas a mais técnica. Vale muito a pena ter um cartão 18% cinza, pois com ele podemos “medir” a tonalidade da luz ambiente sobre o assunto e então aplicar o fator de correção que neutralize com sucesso o ambiente e permita que as cores sejam reproduzidas de forma mais próxima o possível da realidade. Câmeras mais porte permitem ajustar o valor de temperatura “na mão” e ainda permitem refinar a correção com desvios semelhantes a Tint.

5.1. Tint – Funciona como um refino casado com temperatura. Agora é que vem o pulo do gato.

Observe as cores das barras deslizantes da correção de balanço de branco no Lightroom…

A barra Temp vai do azul ao amarelo, ou dos tons “frios” (azuis) aos tons quentes (amarelos). A barra Tint vai do verde aos magenta.

Se você recapitular o que vimos lá em cima (capítulo 4)… hummmm… verá que temos cores (tons) implícitos quando combinamos o uso das barras.

Se movermos Temp até o extremo direito teremos amarelos adicionados na fotografia e, se movermos o marcador do slider Tint na mesma direção teremos magenta cada vez mais evidente, então essa mistura forma o vermelho.

Se movermos o marcador do slider Temp para o canto esquerdo teremos o azul adicionado e, se movermos o marcador do slider Tint indo para a mesma direção teremos o verde adicionado. Adicionar verde e azul forma o Ciano.

Em resumo a correção de balanço de branco do Lightroom funciona (também) no esquema de cores complementares. Brincar com elas cria cores e tons implícitos e/ou cria evidencia outros. Acho fascinante!

Outra grande dica é usar o painel Camera Calibration, também no módulo Develop (Revelação) e se surpreenderá com o quanto poderá refinar seus ajustes de balanço de branco ou seus tratamentos artísticos.

Uma bela dica é usar o ajuste Tint para as sombras (Shadows) presente nesse painel!!! Não pense que isto é novo… Pesquise e achará um mar de informação, pois apenas arranhei a superfície!

FONTE: Lightroom Brasil

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Fotógrafo: Profissão Perigo

Está ficando perigoso ser fotógrafo, principalmente nas grandes cidades. Notícias de assaltos são o que não falta no meio fotográfico. Se você acompanha as listas de discussão e fóruns de fotografia, toda semana temos histórias de profissionais que perderam tudo durante uma sessão de fotos externa. São perigos de se fotografar em locais com pouco movimento ou então perto da zona rural ou parques afastados, principais locações para ensaios com noivos (pré-wedding ou trash the dress) ou books fotográficos. Mas, nessa semana tivemos duas notícias que mostram que o perigo pode estar mais perto do que pensamos.

A primeira correu o Youtube e todo mundo ficou sabendo. Caso clássico, você faz um casamento, recebe uma parte antes da cerimônia e o resto você deixa para depois. Só que esse depois pode levar muito tempo dependendo da situação financeira do novo casal. No vídeo abaixo, o noivo tenta levar o material produzido sem pagar a segunda parcela da dívida. Poderíamos apontar tanto erros do fotógrafo quanto do cliente nesse momento, mas tudo fica muito mais tenso quando uma arma está envolvida na discussão.

O segundo caso seria hilário se não fosse traumático e preocupante. Um casal no Rio de Janeiro é acusado de tramar um assalto para não ter que pagar por um álbum de formatura. A história é a seguinte. Fotógrafa é contratada para registrar uma formatura. O trabalho fica em R$ 1600,00 e o produto a ser entregue à mãe da formanda é um álbum impresso. A mãe não tem a grana para pagar pelo serviço, mas quer muito ter o registro da formatura da filha. Qual a idéia brilhante? Vamos assaltar a fotógrafa. Um encontro é marcado para que seja feita a compra do álbum. No momento em que estão as duas juntas aparece um ladrão encapuzado e rouba o álbum de formatura. Eu já ficaria extremamente desconfiado pelo fato do meliante levar o álbum.

As duas vão até a delegacia prestar queixa e através da descrição do elemento ele logo é encontrado e preso (que cara de azar). Ao ser reconhecido pela vítima a mentira vem à tona. A cliente e o ladrão eram namorados e armaram tudo para não ter que pagar pelo álbum. Em todo esse rolo, só fico pensando que o namorado que se fingiu de ladrão não deve ser um indivíduo muito correto em sua vida para que a polícia o encontrasse tão rápido assim. Vejam a história com nomes e locais clicando aqui.

Ser prestador de serviços pode ser uma vida cheia de incertezas. Você não sabe se o mês vai render o suficiente para fechar as contas e também não sabe o que o futuro lhe aguarda. Mas, duas coisas são certas, atender cliente em sua própria casa pode ser uma coisa complicada por vários fatores e marcar encontros em locais com grande movimento (abertos) pode também lhe render uma dor de cabeça. Antes de prestar um serviço sempre firme um contrato. Não demora nada e não vai te machucar. Se der problema deixe a justiça resolver. Não vale a pena passar por sufoco ou perder a vida tentando resolver essas pendengas.

FONTE: Meio Bit